quarta-feira, 13 de maio de 2009

Devaneio desvairado

Levo a vida em devaneio
Sou desvairado
Nesses versos repenteio
Não to parado

Se me perguntar eu digo
Se me indagar eu falo
Eu vou lendo as figuras
Baseado em quadrados

Ter sucesso é relativo
Depende quase do óbvio
Sirvo pra você de incentivo
Antes de chegar o óbito

Temer a morte é normal
Mas a morte é natural
Vivo perto do mar
Para me banhar em sal
São Pedro e Iemanjá
Sempre me protegerão do mal

Levo uma vida de extremos
Aprender sem ensinamentos
Querer saber se um dia seremos
Os próprios donos ou apenas membros

Sou muito grato que o tempo passe
Eu não seria eu, se eu não errasse
Fazendo certo mesmo que não ache
Não sou galã, mas eu tenho classe

Sou muito grato por ser bom moço
Assim alivia muito dos desgostos
Já que perdão eu sei que é pra poucos
E sei que o tempo apaga até os rostos

Sei que o cheiro da chuva me acalma
Sei que o tempo nebuloso me excita
Sei que o trauma é parceiro da alma
E meu drama a comédia imita

Sei que o foco ficou diluído
Sei que o objeto estava esquecido
Sei que o poeta ficou escondido
E não sei esse verso já estava escrito




Leio sinais e não letras
Imagens do quebra cabeça
De certo que tudo se ajeita
Não existe uma rima perfeita

Escrevo e demonstro orgulho
Sonho de fazer barulho
Poesia é tiro no escuro
E o papel é que move meu mundo

Não sou sisudo nem cético
Talvez um pouco poético
Imprimo meu rip frenético
E apesar de louco fonético
Não precisarei de médico

Levo a vida em devaneio
Fugi do leito
Só dei defeito
Dono do próprio nariz
Nunca serás eleito
Não será fácil o pleito
Eu não farei como você
Que deu o seu de certo
Com bastante jeito

Levo a vida em devaneio
Vou sem receio
Atravessarei as pontes
Não ficarei no meio
Amar a vida é minha meta
E não amar você é feio

Busco me encontrar um dia
Nos braços da monogamia
Enquanto não chega esse dia
Me perco pra sua orgia

Vejo que não me da trela
Mas eu tenho a desculpa mais bela
Pintava o meu quadro sem tela
E na hora é você que amarela




Sou desvairado
Dos meus pensamentos fui escravizado
Catequizado, enclausurado
Nas noites quentes de verão
Fico acordado
Olhando as sombras e sua gente
Me conta depois logo mais
Aquilo que só você sente

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