sexta-feira, 15 de maio de 2009

Estado Sublime



Preciso de alguém que me anime
Que não apenas de mim se aproxime
Que através de acertos me ensine
Que olhando nos meus olhos me fascine
E me mostre o que é o estado sublime

Preciso de alguém que me alucine
Que ande comigo e nunca desanime
Que na corrida dos ratos seja a Minnie
Que venha de bike e não de limusine
E com você meu estado que é sublime

Preciso de alguém em que confie
Que não me julgue e nem me subestime
Que seja o atacante do meu time
Que marque comigo em frente ao Belline
E ali ficamos em estado sublime

Preciso de alguém que hipnotize
Que meu ambiente interno harmonize
Que ature quase todos meus deslizes
Que fique comigo não importa a crise
Que o nosso estado sublime priorize

Preciso de alguém que me balize
Que fuja comigo sempre da mesmice
Que goste das minhas esquisitices
Que jamais erga o seu dedo em riste
Que ao meu lado nunca fique triste
E viva sempre em estado sublime

Preciso de alguém que se aventure
Que faça por onde o inicio dure
Que com meus beijos nunca se acostume
Que ouça os meus versos e ame os vaga-lumes
Que de tanto amor nunca haja ciúmes

Preciso de alguém que seja imune
Que não se mostre uma pessoa rude
Só não me engane e não se iluda
Que se faltar paixão a gente muda
Posso até levar um pé na bunda
Mas é sublime o estado quando a gente gruda





Preciso de alguém que me ajude
Que leve a vida cheia de atitude
Que seja minha fonte da juventude
Que do meu corpo hoje e sempre abuse
Que saiba qual é minha maior virtude
Subliminar o estado quando estivermos juntos

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Eu, Manel e os sonhos


Os sonhos na cidade nascem pelos bares

Recomponha-te, trago novos ares

Sou pescador desbravador de mares

Eu guardo as pedras da construção dos lares

Já não me peça; por favor, não pares




Esteja sempre onde quiser que seja

Em qualquer bar bebo minha cerveja

Eu com os meus vícios e minhas peleias

E acho lindo quando esbravejas

Por favor, Manel desce mais cerveja

Que só doidão agüento essa dureza

Já te falei; não ligo pra beleza

O que me importa é ver que tens destreza

Quero saber como se porta em mesas

Se na minha pobreza achas tua riqueza





Ai Manel, desce outra cerveja

Que eu com ela nunca tem moleza

Aproveite o embalo e traga uma cachaça

É magnífica sua formosura

Onde quer que passas

Vou repetir; não vejo só beleza

Quero te ver fazendo o que quer que eu faça



A gente aqui bebendo e o catador pras latas

Com nosso consumo a fome dele passa

Manel suspende as garrafas

Desça apenas as latas

Que reciclando vejo o que é ter raça

Se a oportunidade chega, aproveite e lace-a

Faça seu destino já que o tempo mata

Vejo nosso futuro reluzir na lata

O catador da esquina é defensor das matas

Mesmo sem saber sua posição exata

Tira sua fome, sonha e na batalha amassa




Coe Manel desce mais cachaça

Que essa prosa acompanha a graça

Beba cachaça mas depois me abraça

Sou caçador e você a caça

Estilo namorador de bancos de praça

Andei perdido e hoje tu me achas

De pé, deitado sei que a gente encaixa




Sai o amendoim, Manel

Que a pressão ta baixa

Se alimentar é ter sorriso em casa

Mas sem comida não há razão que haja

Com seus carinhos os anjos batem asas

Chegam mais perto olhando em nossas caras

Ando exausto dessas pessoas malas

Que acham boas apenas as coisas mais caras

Falam demais sobre aviões e haras

Sem gestos simples e atitudes raras

São seguidores do saber quem paga





A saideira pra encerrar o assunto

Vem cá Manel, toma essa junto

Que eu sou o cara mais feliz do mundo

Se o amor morrer vou ficar de luto

Mas se puderem me amarão de susto

Já percebi que será grande o custo

Pra ter dinheiro se trabalha duro

E poesia é pra vagabundo...

Deslocado

Pela vida sigo
Com subseqüentes passos
Meu maior prazer
É estar contigo
E se não tiver você
Eu to deslocado

To deslocado por que o dia a dia é brabo
Por que não sou como você tão sábio
Não sei viver sem ter alguém ao lado
Quero poder sentir você nos lábios

Não vejo graça sem os seus desejos
Não tenho boca se não tenho beijos
Não vou dar bola á conselhos alheios
Me deslocasse sem os seus gracejos

Para ter você de volta
Eu vou dar meu jeito
Vou argumentar olhando no espelho
Vou te mostrar que é louco o sujeito
Que sempre prezo pelo seu respeito
E nosso amor eu guardarei no peito

Se não vier eu fico alucinado
Que o nosso esquema pode ter babado
Você entrou por essa onda sado...
Eu to sem cama e também deslocado

To deslocado pois não sou daqui
Só posso responder aquilo que vivi
Se você passou juro que não vi
Seria muito fácil se existisse o se
Se me deslocar agora é por que morri

Eu to deslocado mas estou traquilo
Só me encaixarei quando bater o sino
O meu lugar é o que preciso
“rastaman vibration” será nosso hino.

Não era deslocado quando era menino
Cercado de gente e de muitos mimos
Estar acompanhado é ter momentos lindos
E ser hoje deslocado é meu desatino.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Devaneio desvairado

Levo a vida em devaneio
Sou desvairado
Nesses versos repenteio
Não to parado

Se me perguntar eu digo
Se me indagar eu falo
Eu vou lendo as figuras
Baseado em quadrados

Ter sucesso é relativo
Depende quase do óbvio
Sirvo pra você de incentivo
Antes de chegar o óbito

Temer a morte é normal
Mas a morte é natural
Vivo perto do mar
Para me banhar em sal
São Pedro e Iemanjá
Sempre me protegerão do mal

Levo uma vida de extremos
Aprender sem ensinamentos
Querer saber se um dia seremos
Os próprios donos ou apenas membros

Sou muito grato que o tempo passe
Eu não seria eu, se eu não errasse
Fazendo certo mesmo que não ache
Não sou galã, mas eu tenho classe

Sou muito grato por ser bom moço
Assim alivia muito dos desgostos
Já que perdão eu sei que é pra poucos
E sei que o tempo apaga até os rostos

Sei que o cheiro da chuva me acalma
Sei que o tempo nebuloso me excita
Sei que o trauma é parceiro da alma
E meu drama a comédia imita

Sei que o foco ficou diluído
Sei que o objeto estava esquecido
Sei que o poeta ficou escondido
E não sei esse verso já estava escrito




Leio sinais e não letras
Imagens do quebra cabeça
De certo que tudo se ajeita
Não existe uma rima perfeita

Escrevo e demonstro orgulho
Sonho de fazer barulho
Poesia é tiro no escuro
E o papel é que move meu mundo

Não sou sisudo nem cético
Talvez um pouco poético
Imprimo meu rip frenético
E apesar de louco fonético
Não precisarei de médico

Levo a vida em devaneio
Fugi do leito
Só dei defeito
Dono do próprio nariz
Nunca serás eleito
Não será fácil o pleito
Eu não farei como você
Que deu o seu de certo
Com bastante jeito

Levo a vida em devaneio
Vou sem receio
Atravessarei as pontes
Não ficarei no meio
Amar a vida é minha meta
E não amar você é feio

Busco me encontrar um dia
Nos braços da monogamia
Enquanto não chega esse dia
Me perco pra sua orgia

Vejo que não me da trela
Mas eu tenho a desculpa mais bela
Pintava o meu quadro sem tela
E na hora é você que amarela




Sou desvairado
Dos meus pensamentos fui escravizado
Catequizado, enclausurado
Nas noites quentes de verão
Fico acordado
Olhando as sombras e sua gente
Me conta depois logo mais
Aquilo que só você sente

Starting...

Quero antes de tudo agradecer aos ensinamentos que obtive ao longo da vida. Sou grato aos muitos professores que tive nesse tempo, foram sempre pacientes com minhas palhaçadas, descasos e relapsos. Mas tenho noção que cada um deles se faz parte de mim. Especial agradecimento aos meus familiares, principalmente, pai, mãe e irmão. Nossas relações, quase sempre conturbadas, me fazem ser o que sou hoje. Obrigado de verdade. O tempo nos ensina que aprender é saber errar, e sempre errei muito com vocês, e principalmente, comigo. Faço aqui uma homenagem ás mulheres que fizeram parte da minha vida, não apenas as que tiveram contato pessoal e sexual comigo, mas todas que se mostraram caridosas, inteligentes, sagazes e compreensivas, principalmente minha mãe, a quem devo minha semelhança física e cultural.
Sou feliz por ter construído relações sólidas de respeito, amizade, companheirismo e fidelidade ao longo do percurso, não seria nada se não fossem meus amigos e companheiros de passagem. Sou grato a Deus por ter me proporcionado um dom verdadeiro, não da escrita, muito menos da fala, mas sim da simplicidade. Sou simples como um simples ponto. E nessa simplicidade encontro os meios de fazer com que o glamour da vida esteja sempre permeando minhas idéias, pensamentos e atitudes. Sonhar é preciso e isso eu faço como ninguém, pois é de graça e alimenta a alma! Só tenho apenas um pedido; Sonhem comigo...
Obrigado!



Pedro Laviaguerre